terça-feira, 23 de janeiro de 2018

POR QUE SOU CHATO (A)?


O que nos move a escrever sobre tal tema é a incansável busca pelo aprimoramento pessoal. A angustiosa perseguição às más tendências, fruto da auto observação. Esse assunto é quase sempre evitado nas esferas da análise pessoal criteriosa, no campo da auto investigação e da procura pelo melhoramento psíquico. Mas isso só acontece quando espancamos o ego e afastamo-nos cada vez mais da necessidade de autodefesa procurando logo uma pseudo justificativa para nossas oscilações emocionais perniciosas, que nada mais são que frutos de nossos excessos que dão origem ao desequilíbrio psíquico, oriundo  do pouco conhecimento que temos de nós mesmos.

Apreciamos sim a observação e análise também de nossos semelhantes, mas sem as críticas antifraternas que denunciam-nos a inferioridade e o erro, já que também somos imperfeitos aprendizes na Seara do Pai. Entretanto, neste tempo de estudos sérios, que nos oferecem  ensejo para a mudança salutar, necessário se faz olhar para dentro e não para fora, apontar o dedo para si e não para o outro, fazendo observações sensatas e relevantes se estamos gozando de saúde psíquica regular ou se nem isso!
Tornar-se um chato é postura  que denuncia o nosso descontrole emocional, nossa sensibilidade alterada, afetando-se com quase tudo de forma exagerada. 
Os "nervos" ficam em frangalhos, nosso sistema imunológico  fica enfraquecido. Notemos que essas emoções fortes causam-nos desajustes e nos  proporcionam  as mais significantes perturbações  no sistema nervoso, digestivo, endócrino, etc. 
Irritado, o chato muda o timbre da voz, afeta-se para falar em tom agressivo ao menor sinal de contrariedade, indo do grave para o agudo desagradável. Encrespam-se lhes as mãos, enrijecem lhes os músculos, trazendo na face o semblante sofrido. As caretas faciais acompanhadas  dos olhos arregalados e as expressões estranhas tomam conta da feição descontente e, “nova” energia, acompanhada de dardos venenosos são lançados em direção daqueles que o incomodaram no campo espiritual, seja devido a um comentário digno de menos atenção ou uma crítica mais aprofundada. Doutra feita, perturba a paz dos outros, faz críticas “ácidas”, monopoliza atenções e torna sua presença um desagradável acontecimento social.Mas será que já nos perguntamos do porquê de encontrarmo-nos em certos momentos tão emocionalmente irritados? E não estamos falando da chatice que vem e passa originada por um cansaço físico, gripe, nervosismo ou aborrecimento temporário... falamos de um sofrimento agudo, crônico que atinge a milhares de criaturas em todo o mundo (diferente do mal humor). Podemos até crer que a pessoa excessivamente chata é assim por sua própria natureza, mas insistimos que esse é um estado de espírito que faz sofrer, que sufoca e desarmoniza o indivíduo. Ninguém consegue ter paz vivendo mergulhado no tédio. Ainda assim desejamos ressaltar que, de forma alguma estamos discorrendo sobre aquelas pessoas que são irreverentes, indiscretas, pegajosas, piadistas, barulhentas ou inconvenientes quase todo o tempo e nem disso desconfiam, mas de uma outra forma patológica de ser desagradável, de não ajustar-se a um padrão comportamental e nem aceitar as diferenças dos outros sem irritar-se ou enfadar-se.

Mas será que somos chatos todo o tempo e será que nossos amigos tentam evitar-nos a companhia? Esse comportamento, isto é, “a chatice" observada pela lente do estudo pode ter sido originada no convívio doentio com entes irritadiços, mal humorados, criaturas brutas, violentas, muito críticas e de comportamento agressivo ou repressor, ou diante das frustrações e cobranças descabidas,  rejeições sofridas na infância, sendo mal resolvidas ou mal trabalhadas depois da fase adulta.
Muitos de nós, diante das decepções nos fechamos  e nos perturbamos muito, creditando à vida a culpa por não termos conseguido nos realizar, com isso, tornamo-nos refratários a todas as comunicações amistosas, aos conselhos dos amigos, ao bom senso,  e à toda crítica positiva. O chato não é só aquele que incomoda, mas o que faz do convívio com amigos, parentes, colegas de trabalho, entre outros, muito difícil!
Quando munidos da boa razão, dentro da investigação edificante, descobrimos que somos nós os chatos, passamos a entender que muita coisa que foge-nos à compreensão e ao controle. Podemos perder o controle da situação quando estamos desajustados, irritadiços ou frustrados com nossas vidas, podemos ser pessoas difíceis e só nossos amigos mais sinceros e os entes que realmente nos amam que irão nos aconselhar e ajudar, caso permitemos.
Pessoas chatas perturbam-se facilmente com a vizinhança buliçosa, não toleram ser incomodadas ou ter seu espaço invadido. Com muita facilidade as más respostas lhes veem a boca sempre com os agudos ou os graves irritantes na voz e sem que haja tanta necessidade disso.
E como saber conviver com aqueles que são diferentes e que tem uma maneira oposta a nossa de reagir? Como nos descobrir chatos aproveitando o ensejo para corrigirmo-nos a contento? Como compreendermos que muitas vezes o outro, aborrecido com sigo mesmo, cheio de enfado e pouco afeito à simpatia no trato com os outros, está na verdade doente? Como ver na “ferida” da chatice,  uma perturbação profunda, que pouco a pouco gangrena toda a alma? Por que em muitos momentos de nossas vidas reconhecemo-nos chatos, porém não auscultamos o íntimo de nosso ser em busca da cura?
Importante se faz ressaltar que estamos discorrendo de forma simples e despretensiosa, bem a nosso modo, sobre o enfado que adoece, sobre o aborrecimento que não se cura e em nada beneficia, sobre o incauto que se recusa a ver-se como realmente é, responsabilizando muitas vezes os outros por seu estado de irritação e tédio crônicos. Estamos destacando nesse singelo texto as criaturas suscetíveis que perdem tempo com “mi-mi-mis”.
Será que é culpa dos outros? Será que são os problemas a que todos estamos sujeitos no campo das experiências terrenas? Se assim o fosse, todos nós, invariavelmente, sofreríamos desse terrível mal e o mundo tornar-se-ia um celeiro de almas irritadiças e superexcitadas, vibrando num mesmo diapasão.
É preciso saber primeiramente que há algo de errado rever conceitos com mais carinho e detectar a causa primeira da irritação.
Há um exercício muito bom para descobrirmos a origem desse problema, devemos perguntarmo-nos quando estivermos  a sós, olhando para um espelho e  mantendo respiração tranquila seguida de concentração (fazer isso todos os dias até o inconsciente dar-nos as respostas) o seguinte: _Diga-me, quem sou eu? Por que sou tão irritável? Por que sou tão pouco tolerante com os outros? Por que me enfado com tanta facilidade?...
Vejam bem, são várias perguntas e é preciso ter tranquilidade para fazê-las, num ambiente sossegado, com tranquilidade e concentração, entretanto quem quiser respostas imediatas pode desistir! Esse, é um trabalho de autoconhecimento que demanda tempo, paciência e técnica, mesmo sendo simples! Garanto que dá certo!
Criaturas cheias de enfado, eternamente aborrecidas e entediadas, que têm medo de críticas e que irritam-se com facilidade, precisam descobrir-se e auscultar-se. 
A causa do nosso sofrimento muitas vezes está em nós mesmos, na não aceitação do outro como ele é.
Muitas vezes nossos amigos e familiares precisam escolher palavras para falar-nos, pois temem não serem devidamente compreendidos e até serem vítimas de nossa ira por terem ferido nossa suscetibilidade. De outra forma somos nós quem temos que ter o cuidado de pisar em ovos, saber como falar, proceder para não desagradar. É como se tivéssemos que agir roboticamente, sem espontaneidade.
Um olhar carinhoso para nós mesmos, fraternal e caridoso pode mudar tudo, basta que desejemos ver as nódoas em nossa túnica que de nupcial não tem nada! Basta ouvirmos nossa alma e nossas dores vão cessando, uma a uma na escola terrena, onde os enfrentamentos são tão importantes e necessários quanto o respirar!  
O tema acima é apenas uma desculpa para o convite à meditação sobre como somos vistos realmente pelo outro.



Namastê!


Letícia E. Gonçalves

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