quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

"QUEIMAR O CARMA"





PERGUNTA: Esse desterro de espíritos delinquentes para outros orbes inferiores não poderia ser levado mais à conta de um castigo divino do que mesmo à de um ensejo de aproximação fraterna?

RAMATIS:  As autoridades policiais não se veem às vezes obrigadas a isolar da sociedade os delinquentes que se tornam refratários a todos os processos de reajustamento social, e que desafiam todos os esforços razoáveis empreendidos para regenerá-los? Assim como a sociedade primeiramente aguarda-lhes a regeneração, para depois aceitá-los em seu meio, também os espíritos rebeldes, quando exilados da Terra para outros mundos inferiores, devem abrandar a sua crueldade e despotismo, para depois terem o direito de retornar ao seu velho lar terráqueo.

PERGUNTA: Qual o significado exato da expressão “queimar o Carma" que se encontra muito comumente nas obras ocultistas?

RAMATIS:  E uma definição pitoresca, muito usada no Oriente, do que acontece ao espírito que, através do sofrimento e das vicissitudes humanas, consegue reduzir o fardo de suas obrigações cármicas do passado. Quando a dor, a humilhação e as decepções pungem os vossos espíritos através da carne sofredora, é certo que isso promove a queima imponderável do visco pernicioso que ainda está aderido ao perispírito como produto gerado pelo psiquismo invigilante. O sofrimento acerbo é como o fogo purificador a queimar os resíduos cármicos do perispírito. Muitos espíritos que, em seguida à sua desencarnação, caem especificamente nos charcos de purgação do astral inferior, chegam muitas vezes a se convencer de que estão envolvidos pelas chamasavassaladoras do inferno! Ante a natureza absorvente e cáustica dos fluidos desses charcos, eles funcionam como implacáveis desintegradores dos miasmas e viscos deletérios incrustados na vestimenta perispiritual.

Desde muito cedo o espírito do homem é condicionado gradativamente para o sofrimento, que vai purgando as impurezas do seu perispírito, e a isso a tradição oriental chama “queimar” o Carma, isto é, pagar uma ou mais prestações de uma grande dívida que contraiu. Quando o espírito se resigna à ação cármica retificadora, ajusta-se à Lei e esta desenvolve-lhe a vontade e orienta-lhe o sentimento para a futura configuração angélica. E como acontece à criança que, sob a orientação dos adultos e adquirindo confiança em suas pernas, ergue-se e caminha, para explorar melhor o mundo ao seu redor. Mesmo Jesus, quando curava os enfermos, recomendava-lhes que queimassem o Carma, dizendo-lhes: “Não peques mais, para que não te aconteça coisa pior”. E dizia assim porque, enquanto os pecados “engendram” mais Carma doloroso para o futuro, as virtudes o queimam, porque libertam a alma do jugo da matéria e evitam que ela cometa novos desatinos. A recomendação de que a alma deve substituir continuamente o que é péssimo pelo que é bom, o falso pelo verdadeiro ou a violência pela paz, tem por principal objetivo modificar carmicamente o teor futuro de vossa vida, como procede o homem prudente e cuidadoso, em sua mocidade, para usufruir de uma velhice saudável e calma.

Do livro: “Fisiologia Da Alma” -  Ramatís/Hercílio Maes – Editora do Conhecimento.



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